terça-feira, 11 de outubro de 2011

Clones demais de Marcelo Leite

De clone para clone
Nos dias seguintes, Suzana piorou. Não que a anemia tivesse progredido muito, mas a menina deu para ter crises de choro e de pânico. Os pais achavam que a história da clonagem a tinha perturbado. Tiago, que não sabia de nada, acreditava que era medo de doença mais grave...
Tiago tinha convencido o irmão gêmeo, Francisco, a retornar a confusão de identidades, entre eles, para se revezar fazendo companhia a Suzana...
Naquela tarde de chuva, o verdadeiro Francisco estava de plantão. Suzana dormia um sono agitado, com pesadelos....
– Não Suzete, eu não tenho culpa! – murmurou a menina doente, em meio ao sono. – Foi ideia da mamãe, não minha!
Francisco começou a achar aquilo meio esquisito...
Suzana apertou sua mão, mas continuava sonhando...
– Não chora, Suzete, por favor. Eu não vou abandonar você. Nunca vou esquecer o que você fez por mim...
As lágrimas escorriam pelo rosto de Suzana. Francisco não sabia o que fazer: se acordava a garota...
(...)
– Suzana. Acorda, Suzana. Você está tendo pesadelo.
– Cadê a Suzete? – perguntou a menina abrindo os olhos.
– Quem é Suzete, Suzana. – perguntou Francisco, intrigado.
– É a minha irmã... gêmea... – respondeu a menina, ainda confusa.
– O quê, você também tem uma irmão gêmea?! – espantou-se o garoto. – Não é possível.
(...)
– Tenho sonhado todos os dias com uma irmã gêmea muito mais nova que eu – começou a contar. – na verdade é um pesadelo. Suzete é o nome dessa irmã, um clone gerado só para me doar células. Ela cresce, descobre a verdade e fica meio maluca.
– Que sonho mais doido...
– É, Tiago. Eu tô ficando maluca! – respondeu Suzana, sem se dar conta de que falava com Francisco....
– Mas a troco de que você começou a ter esses sonhos, Suzana? Não tem pé nem cabeça!...
Suzana ficou alguns segundos em silêncio, pensando, antes de responder...
– Tiago, você tem de prometer que o que vou lhe dizer não vai sair deste quarto – pediu Suzana.
– Prometo, Su – falou Francisco. “É melhor continuar com a farsa e descobrir o que, a final, está acontecendo aqui”...
– Minha mãe e meu pai estão começando a pensar seriamente na proposta do doutor Eduardi de fazer um clone de mim, para a menina que nascer doar células-tronco para me curar – desabafou Suzana. ... Você já pensou nascer como cópia de outra pessoa? Minha cabeça até dói de tanto que penso nisso!
– Claro que já pensei, Su – rebateu Francisco. – Você está se esquecendo de que o Chico e eu somos gêmeos idênticos? Clones. Não tem nada demais.
– Como não tem nada demais? E não é a mesma coisa, desculpe – reclamou a garota. – Ser cópia de uma pessoa de 13 ou 14 anos mais velha é muito diferente de ser gêmeo de alguém.
– Acho que você não está entendendo, Su. O que eu estou querendo dizer é que ninguém é copia de ninguém ... O Chico e eu podemos ter os mesmos genes, mas não somos idênticos. Parecemos, mas não somos. Dá até para enganar umas pessoas...
– Mas ainda assim é diferente, Tiago! – reagiu a menina. – Você não nasceu para curar a doença de ninguém.
... – Que mal pode haver em vir ao mundo para ajudar alguém?
(Leite, Marcelo. Clones demais. Capítulo 8)
  

1 – Explique o título do texto. 

2 – Qual é o fato discutido no texto? 

3 – Explique a expressão, Não tem pé nem cabeça!, usada em uma das falas de Francisco.

4 – O que podemos aprender com esta conversa entre Suzana e Francisco?

5 – Toda narrativa contém alguns elementos básicos. Indique estes elementos no texto de Clone para clone

Narrador: ...................................................................
Personagens: ..............................................................
Espaço: ......................................................................
Tempo: .......................................................................

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